Soneto da infidelidade

De tudo ao meu amor serei inconstante,

pois nada em mim se firma ou permanece.

O fogo arde e apaga num instante,

e o que era chama, cedo se esmorece.

Promessas faço ao vento, navegante,

pois minha alma jamais adormece.

O mundo é vasto, livre e provocante,

e no amor a prisão me enfraquece.

Não me peça raízes, nem sossego,

que sou do voo, do passo errante,

do sonho que se perde em outro apego.

A vida é breve, e o amor é falácia,

por isso sigo leve, sempre à frente,

e arrumando outro que tenha graça.