Soneto do Velho Tropeiro

Cruz Alta, a terra minha, tão querida

De onde os campos largos me chamavam

Mula tangia, as rédeas se atiravam

E a estrada dura moldava a nossa lida

 

Com sonhos ao mercado de Sorocaba

Carrego a tropa e o fado a tiracolo

Por serras, rios, em silêncio e solo

A pampa atrás e a venda que me aguarda

 

O mate quente acalma as mãos cansadas

Enquanto o céu azul firma as jornadas

Na lua clara, a viola em rimas canta

 

Pelos muares, tropeço nas lembranças

Do pago fico preso às esperanças

Na lida rude, a alma é quem levanta

 

Decimar da Silveira Biagini

Poema metafísico

Pela narrativa do ancestral Jeremias da Silveira