Candelabro

 

Que se tenha por utopia estar amando

Enquanto os braços do sofá limitam os corpos.

Dá-se ao salão o direito ao espanto

Da escuridão mórbida à frágil luz do encanto.

 

Espreguiça-se no chão o vil tapete,

No silêncio onde crepitam carvões

E imitam o que arde dentro ao peito,

Na loucura onde crepitam corações.

 

Tinge a lua de luar toda a varanda,

Baila a cortina enquanto canta a brisa

E apaga a luz do candelabro.

 

Na penumbra se esbarram sussurros,

De um grito ao gentil murmúrio,

Qual prisioneiros em um porão macabro.