LAVADEIRA

 

Sou lavadeira, as minhas mágoas lavo
nas águas de meus prantos corredios
que, em minha face, fluem mais que os rios,
por conta de um penar, de algum agravo.
 
A minha própria dor exploro e escavo,
procuro em seus recôncavos sombrios,
nas camadas profundas dos baixios
a fonte de seu fel, amargo e pravo,

 

que brota nos meus olhos, nos seus cantos,
bem mais do que julguei, que tu supunhas,
e verte em minha tez, silente e fria.
 
Eu lavo minhas mágoas com meus prantos...
Enfrento a dor e cravo nela as unhas
até que se transmute em poesia.

 

Edir Pina de Barros

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 17/12/2024
Código do texto: T8221331
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.