DESATINO

Prometi nunca rimar lua com nua

mas como faço com a saudade derramada da mulher

que no silêncio ensinou a força do mistério

por quantos becos gravei meu nome ao invés de tomar a rua

e fazer do desatino ritual porque só o exagero é verdade

e se choro por dentro molhando a alma na calçada de pedras da insensatez

resta apenas chamar por ela quando a inutilidade

da lembrança revelar quanto é preciso aproveitar a vez

porque quem vive precisa do corpo amado

e da pressa no entender que o tempo lança pela noite dados em chamas

para que a estupidez das fórmulas voe como ave perdida ao luar

e apenas o querer intenso do perdão indecifrado

permaneça inteiro no coração estrelado da mulher alheia ao drama

que se desfaz como o vapor que leva o menino para o homem feito chegar