A Velhice
Há na velhice uma bruma invisível,
Que vai apagando a memória cansada,
Faz repetir a história passada,
Como se fosse uma marca sensível.
A inocência no semblante visível,
Torna a carência do afeto estampada,
Nas rugas, a cabeça esbranquiçada,
E, do esquecimento, um fato terrível.
Tanta sabedoria desperdiçando,
Tanto amor ali adormecido,
Nas palavras, a inocência aflorando.
A velhice é um sentimento humano,
Do anoitecer de uma criança crescida,
Partindo da vida, num desengano.