TRAIÇÃO CONSENTIDA
O sol entrou, sorrateiro, pela fresta da janela,
E se deitou, lascivamente, com minha mulher.
Ela gostou como se ele fosse do marido dela,
Que estivesse todo o seu o corpo a envolver.
Nenhuma mulher, nos dias de hoje, permitiria,
Um abuso como esse que o sol está fazendo;
Á uma delegacia, prestar queixa, ela logo iria,
Ainda que desse assédio gostando e querendo.
Eu que tudo observo, mesmo muito enciumado,
Desses cornos minha vergonha nunca reclama,
Pois que dele, sempre me fica a contrapartida,
De um delicioso corpo que ele deixa, bronzeado,
Esparramado, languidamente, em nossa cama,
Me prometendo um prazer que não tem medida.