A MERETRIZ
Perambulando, às frias madrugadas,
Avistei uma dessas madalenas,
Que solfejavam tímidas cantilenas,
Enquanto esperam para ser "usadas".
A moça, de beleza singular,
Seminua e encostada àquele canto,
Chamou-me a atenção pelo seu pranto,
Uma pérola fora do lugar.
Quis saber por que tanta amargura,
Se a vida já lhe dera a formosura...
Ela me olhou, mas continuou calada.
Terminou, ignorou os beijos meus;
Despediu-se com um aceno de adeus,
Pegou a bolsa e foi embora, apressada.