ESGOTAMENTO
Escalei teus abismos mais sombrios,
Teci com luz os muros do teu peito;
Busquei no caos um verso não desfeito,
E ergui, em vão, teus sonhos tão vazios.
Nas madrugadas, fui silêncio e brio,
O vento brando em mar desassossegado;
Mas cada passo meu foi consumado
Por ecos mortos, frios como o estio.
Esgotei-me em batalhas sem aurora,
Em guerras mudas contra o teu não ser;
Cansou-me o fardo, a dor que me devora.
Agora parto, pois já posso ver:
Quem ama só, ao fim, se vai embora,
Levando apenas o que soube oferecer.