ESGOTAMENTO

Escalei teus abismos mais sombrios,

Teci com luz os muros do teu peito;

Busquei no caos um verso não desfeito,

E ergui, em vão, teus sonhos tão vazios.

Nas madrugadas, fui silêncio e brio,

O vento brando em mar desassossegado;

Mas cada passo meu foi consumado

Por ecos mortos, frios como o estio.

Esgotei-me em batalhas sem aurora,

Em guerras mudas contra o teu não ser;

Cansou-me o fardo, a dor que me devora.

Agora parto, pois já posso ver:

Quem ama só, ao fim, se vai embora,

Levando apenas o que soube oferecer.

Abimael Borges
Enviado por Abimael Borges em 23/11/2024
Código do texto: T8203907
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