FIM

Caminha o amor, discreto e alquebrado,

Por sendas frias de um jardim sem cor;

Já não responde ao canto ou ao clamor,

Respira lento, em dor enredado.

Suas vestes, outrora luz e encanto,

São hoje o peso de um tempo sem brilho;

E sob a sombra amarga do exílio,

O amor desfaz-se, gota a gota, em pranto.

Não há tormenta ou lâmina a feri-lo,

Só o silêncio, a ausência, a despedida,

Que ao peito, como espinhos, vêm rendê-lo.

E assim se esvai, na calma adormecida,

Deixando ao vento um sopro tão tranquilo

Que só quem sente o vê partir da vida.

Abimael Borges
Enviado por Abimael Borges em 23/11/2024
Código do texto: T8203289
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