FIM
Caminha o amor, discreto e alquebrado,
Por sendas frias de um jardim sem cor;
Já não responde ao canto ou ao clamor,
Respira lento, em dor enredado.
Suas vestes, outrora luz e encanto,
São hoje o peso de um tempo sem brilho;
E sob a sombra amarga do exílio,
O amor desfaz-se, gota a gota, em pranto.
Não há tormenta ou lâmina a feri-lo,
Só o silêncio, a ausência, a despedida,
Que ao peito, como espinhos, vêm rendê-lo.
E assim se esvai, na calma adormecida,
Deixando ao vento um sopro tão tranquilo
Que só quem sente o vê partir da vida.