ESCURIDADE

Aquele olhar outrora refulgente,

cingido pela sombra da tristura,

transborda desalento e, em vã procura,

palmilha estrelas vagarosamente.

Alheio à rogatória da censura

imposta pelo senso, sigo em frente

e, do luar, recebo meramente

as dores do vazio que tortura.

A bruma invade o quarto, a cama fria

ainda tem resquícios da fragrância

que toda madrugada desvaria

o sonhador tomado pelo medo

de não vencer a fúria da distância

e nem a solidão de seu degredo...