Soneto de lamentação

No porão do tumbeiro o mar cruzava

Mais um Zumbi em pútrida feitura

Diasporado de sua genitura

Rumo ao Novo Mundo à forte clava

Sob os jugos e abusos do feitor

A alforria era a herança almejada

Da Mãe Preta aos rebentos Co'amor

E Co'aborto a quimera era lograda

Os atrozes giros do esquecimento

Em Baobá, não esvai o sentimento

E a mágoa dos avitos de Mandela

Os gritos, açoites, ais e gemidos

E os lamentos dos porões bramidos

Ecoam no afro gueto da favela

https://www.edsondepieri.com/2022/02/soneto-de-lamentacao-no-porao-do.html

Edson Depieri
Enviado por Edson Depieri em 18/11/2024
Reeditado em 18/11/2024
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