Soneto de lamentação
No porão do tumbeiro o mar cruzava
Mais um Zumbi em pútrida feitura
Diasporado de sua genitura
Rumo ao Novo Mundo à forte clava
Sob os jugos e abusos do feitor
A alforria era a herança almejada
Da Mãe Preta aos rebentos Co'amor
E Co'aborto a quimera era lograda
Os atrozes giros do esquecimento
Em Baobá, não esvai o sentimento
E a mágoa dos avitos de Mandela
Os gritos, açoites, ais e gemidos
E os lamentos dos porões bramidos
Ecoam no afro gueto da favela
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