ROSA 507 A SOLIDÃO AGONIZANTE DO POETA

Agora, o poeta não pode mais fingir um amor;

Tem que viver enclausurado.

Não pode mais cantar a sua dor;

Tem que fingir um sorriso estampado.

Sem expressão séria, que tipo de ator

Foi de menestral a bobo da corte, o coitado?

Não arrancou sorrisos, nem fingiu ser fingidor;

O eu lírico perdeu a inspiração, engasgado.

Virou matemática, de tão exata a poesia;

O poeta perdeu a coragem de viver,

Casado no lar, abandonou a boêmia.

Restam suas crônicas cheias de fantasias,

Em letras mortas, num coração que ninguém lê,

Tornando solitária a sua dor e agonia.