A vida de um vencido
Bendita a vida d’um enfermo,
Vivendo ilusão da esperança,
Manter-se vivo a meio-termo,
Saúde; uma mera lembrança.
Vês, a morte tua vã herança,
Que lhe corteja à penumbra,
Viver não é bem-aventurança,
Quando nada mais vislumbra.
A tua dor será a dor presente,
Corpo sentido e alma sôfrega,
Numa luta perdida do doente,
Feliz é aquele que se liberta,
Ruflando asas sublimemente,
Da triste vida frágil em alerta.