SAUDADE, VIL INQUILINA
Vida, que por aqui não faz morada,
deixou em seu lugar vil inquilina,
que desarruma o peito, atroz rotina,
a desvelar lembranças arquivadas.
Ensandecidamente, a messalina
bafeja sentimentos em lufadas,
entorpecentes pra alma viciada.
Fugaz e inebriante cocaína.
Teu cheiro, tua pele, teus carinhos
se perdem no torpor do torvelinho,
que habita essa espúria realidade.
Eu, teu dependente, de ti adicto.
Da tua ausência, réu assaz convicto,
me afogo em mais um trago de saudade.