MIGALHAS DE ACALANTO

De tanta castidade não consigo

despir o pensamento e, inconsolado,

entrego à lua os olhos, do castigo

confesso marcas, não reprimo o brado.

No devaneio ainda te persigo,

enlaço aquele aroma delicado,

revivo o enlevo, encontro meu abrigo

na mansidão do riso imaculado.

Na tua companhia outrora pude

servir as emoções de plenitude

e toda a perfeição me inspira o canto.

Se minha angústia grita, delineio

a tua imagem cândida, no anseio

de receber migalhas de acalanto...