Soneto XII - Soneto à Moça
Quereis saber a que olhos e ouvidos
O timbre e a face: a superfície, enfim,
Deste que sou cativa… Bem, sentidos
Dizem que aquela moça pensa em mim!
No entanto, de nãos e grilhões munidos,
Os pensamentos se constroem assim,
Negando continuamente os pedidos
Ingênuos do coração – mas eu vim.
E ó moça, tu! Que delírio te orienta?
Miraste-me? Percebes quão aflito
Estou? E por que então a mim se atenta?
Incrédulo sou, mas crer me permito
Na desrazão do peito, se me alenta
– Contra a razão, vigoroso, me agito!
12 de Novembro de 2024.