ROSA 498 DEGRAUS DA MADRUGADA
O poeta cego à espera da mulher amada,
De nobre estirpe, em vão seus passos espera;
Nos degraus da madrugada, a noite gelada,
Embriagado de dor, a solidão reverbera.
Trancado na embriaguez do álcool, ele se encerra,
Observando as luzes da cidade pelo vidro embaçado;
A lua, distante, reflete sua dor tão sincera,
Espelho celeste que tortura, seu coração abalado.
As estrelas cintilam, num espetáculo ensaiado,
Enquanto ele, sozinho, lamenta seu triste fado.
A esperança se esvai, o amor tão esperado,
Perdido na escuridão, em seu próprio pecado.
Assim o poeta cego segue sua sina ingrata,
Na embriaguez da noite, sem a luz que o resgata.