Desespero
Levando as mãos ao rosto, um pai, sentado,
Reflete sobre o trágico cenário...
Faz tempo que não sabe o que é salário:
Há quase um ano está desempregado.
Levanta os olhos, vira-se de lado
E avista então, vazio, o velho armário;
Depois, prossegue, olhando o lar precário
E inclina-se na mesa, desolado.
Tenta “fazer das tripas, coração”,
Porém, sem ver nenhuma solução,
A angústia, profundíssima, o consome...
E, enfim, seus olhos se enchem d’água quando
Seu filho adentra o cômodo chorando
A repetir: “papai, estou com fome”...
Obs: soneto premiado em 1° lugar no XXXIII Concurso de Poesia Augusto dos Anjos – 2024.