Transbordo
Transbordam minhas taças; ergo-as, brindo.
Sorvo emoções nos mais ardentes tragos;
jamais desejarei sabores vagos,
prefiro o amor que veste desvestindo.
Quero beijar com beijo longo e infindo,
provar em minha boca os vinhos magos;
desejo em cada olhar colher afagos
enquanto o espaço e as horas vão ruindo.
Assim traspassarei a dor da vida,
o tempo não me assusta ou intimida.
No entanto, temo o sonho que esquecemos.
Por isso tenho as taças sempre cheias,
se a morte me enlaçar em suas teias,
terei vivido a vida em seus extremos!