Lua cheia

Corre na tarde em sol um sopro doce e quente.

Agita os roseirais, resvala as tenras flores;

abrasa-se o jardim aos toques sedutores,

e um halo multicor refulge no ambiente.

Azul, lilás, carmim... as mais diversas cores,

em mágica explosão, adornam o poente;

ferve-me o coração que um verso já pressente,

enquanto ascendo ao céu os olhos sonhadores.

Na espera do luar a tarde se enternece,

acalentando a voz de alguma muda prece,

e no ermo que reluz, aninho-me, sem medos.

No instante lapidar o meu prazer se alteia.

Se morre o ardor do sol, renasce a lua cheia,

e insiste um verso audaz a formigar-me os dedos.

Geisa Alves
Enviado por Geisa Alves em 09/11/2024
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