LUZES MORTAS

Queria ter de volta a claridade

que fez do meu olhar o próprio céu

tomado pelo imenso fogaréu

de um sol imune a toda tempestade.

Agora, pouco a pouco, a escuridade

estende no caminho imenso véu,

engole o morrediço lumaréu

em noites de plangência e de saudade.

O açoite das lembranças é severo

e quanto mais revolvo, mais lacero

o peito que padece a lastimar

a falta do sorriso, o afago ausente

da cama abandonada em que somente

restaram vãos delírios no lugar.