REGALIAS

Enquanto legiões de parasitas lestos

não fazem sua festa e acalmam apetites,

extravasando ardor em meus sulfúreos restos,

exorto o coração a ultrapassar limites.

Não quero o desprazer de desfilar protestos

no ocaso, por lembrar que recusei convites,

tampouco, ao me despir até dos mais modestos

tecidos, perceber errados meus palpites.

Prefiro mergulhar na vida, sem receios,

ferir os pés e as mãos atrás das regalias,

deixar no esquecimento a tentação dos freios.

As cicatrizes vêm de nossas travessias

em busca da beleza escrita em devaneios

e apenas dão valor às grandes alegrias...