ANTIAUTOLAUDATÓRIO

ANTIAUTOLAUDATÓRIO

Pensa de menos quem fala demais,

N’um palavrório vão e presumido…

Ao fim, demasiado aborrecido,

Pretende-se o maior em meio a iguais!

Um que se aprochegou aos meus umbrais

Trouxe consigo um papo convencido:

A sua voz cansava o meu ouvido

Tanto quanto o vazio de seus ais.

Saber-se ouvido dava-lhe tal fluência

Que de meu próprio mal eu me culpava

Face àquela estranhíssima violência.

Em todo caso, o estúpido avançava.

Enquanto m’esgotava a paciência,

Mais e melhor de si mesmo falava.

Betim - 06 11 2024