Memória

Não abandono, mesmo que o tempo passe,

a incerteza que, sem motivos, me lançou,

como um espinho manteve-se, o impasse,

na memória amarga que meu ser guardou.

Quem descreu de mim, em critério frio,

fez da lealdade um estorvo à carregar,

e, apesar de que hoje celebre o desvario,

a ressonância do pressentimento vai ecoar.

Visto que não se abstrai da índole essa ferida,

ainda que a ventania rasteira a faça se ocultar,

a recordação de modo algum será vencida.

Se tornará, sem cessar, um motivo à pesar,

não sou relutância, mas não deixo esquecer:

quem um dia hesitou, nem o amor irá merecer.

Samira Vilaça Araújo
Enviado por Samira Vilaça Araújo em 06/11/2024
Reeditado em 06/11/2024
Código do texto: T8190971
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