ROSA 487 O LAMENTANDO DO SERTANEJO
No longínquo sertão, canto esperando a chuva,
Matando num gole a saudade do meu amor,
Que se enamorou de outro senhor
E se perdeu lá onde o vento faz a curva.
Vejo seu desenho nas nuvens, com a mente turva,
E a lembrança aumenta a minha dor.
Enquanto choro, o silêncio da noite a louva;
Só o orvalho molha a terra que matou a flor.
Embora o amor seja mais forte que a foice, a enxada e o facão,
Não há amor no mundo que resista à fome,
Causada pelo sol que matou o arroz, o milho e o feijão.
Num lugar onde a pobreza só não rouba o nome,
Pois são de santos escritos nas lápides do sertão,
E as boas características humanas somem.