MARCHA REGRESSIVA
Nada mais permanece, meu amor,
O tempo vem dobrar-nos cedo ou tarde…
Quem fomos, pouco ainda tem sabor,
Do que era vivo quase nada arde.
Um espírito como um sol se pôr…
E acontece assim - sem muito alarde,
A força se esvai, dos cabelos cor…
Nada podemos para que retarde.
Na marcha regressiva - só passado
Permanece qual vago arremedo
Do que vivido, do que desejado
Somos a soma, ao fim, de nossos medos,
Pássaro frágil - sonho abandonado…
Tudo acabado, um estalar de dedos