ROSA 486 SAUDADE
Na noite calma, a saudade se insinua,
Como espada a penetrar no coração,
Dilacera a alma, em dor e em solidão,
É a escuridão eterna, que a luz não continua.
Linda canção, que brada em meio à bruma,
Versos perdidos, que a mente não apagou,
Perfume etéreo, que o olfato captou,
Memória viva, que o tempo não se esfuma.
Eis a ferida que nunca se cura,
Prazer da memória, a dança do sentir,
Muscular lembrança, que o corpo murmura.
Em cada gesto, um fragmento a persistir,
A saudade é arte, é dor que perdura,
Um eco profundo, que não deixa de existir.