ÂNSIA

Um quê tão incessante, quanto bruto,

Impassível ao corte do cinzel

Ao desdobre constante vê papel

Num livro a crescer, mas devoluto

E vertem-se as entranhas a granel

P'la busca desalmada; prostituto

Das palavras; vaivém no meu reduto,

Sem orgasmos triunfantes ou de fel...

Será a triste sina da fortuna

Ou será maldição de triste sina

Correr a vida atrás duma lacuna?

Verei, antes da morte, p'la retina,

O oásis a luzir depois da duna,

Ou morrerei da ânsia inquilina?

29-10-2024

AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 29/10/2024
Reeditado em 15/11/2024
Código do texto: T8184532
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