Olha a garoa fina (quase neve)
que faz estrias dúbias na janela;
pensa na sensação, enquanto escreve,
é nebuloso assim viver sem ela.

 

O frio, sabe, vai embora... em breve;
mas não a atroz saudade que o martela.
Suplica que, ao partir, o inverno a leve;
o vento ri, a dor mais se encastela.

 

Suporta, a muito custo, o fero trauma.
As lágrimas lhe sulcam cútis e alma,
à moda dos forcados no jardim.

 

O amanhã (como os sulcos) vê incerto...
fitando o céu, de nuvens encoberto,

indaga: "Deus, por que a levou de mim?!"

 

José Erato

 

 

 

 

Academia Brasileira de Sonetistas ABRASSO
Enviado por Academia Brasileira de Sonetistas ABRASSO em 28/10/2024
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