Foi nesta noite, quando dei um grito,

Foi nesta noite, quando dei um grito,

que lembrei (novamente) minha morte.

É sempre igual a dor, igual conflito,

igual o grito à minha humana sorte.

Toda noite redivivo, acordo aflito;

o mesmo sonho, a mesma estrela ao norte.

Ao horizonte, eu morro. Está escrito.

Já vi acontecer. Ninguém é forte.

Minha esposa acordou e reclamou:

"deixa-me adormecer, não faz mais isso",

e seus olhos ao escuro ela voltou...

Mas eu, quando cerrei o olhar submisso,

vi ancestrais que o tempo já levou

lamentando e gritando a meu serviço!

27/10/2024

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 27/10/2024
Reeditado em 10/11/2024
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