Voltas do tempo
Nos céus discorre a viajante lua,
E abaixo dela, no ermo enluarado,
Alhures um pastor tocando o gado
Vai, feito declinar da terra crua.
A lua se transmuta, abre e mingua:
E o homem consigo cisma, no chorado
Exílio, que outro tempo e renovado
Possa à pátria volver bendita e sua.
Mas cômputo dos reis, e de outras eras:
Não finda tudo o que é? Enfim não volta
Quanto partido tenha, ao seu descanso?
É tudo noite e prata nas esferas
Celestes — lá em cima, a lua solta:
Vai tudo e tudo vem ao seu balanço.