Depois de quase um ano já passado,
nesse cerrado seco, tão tristonho,
no fim de duro estio, feito um sonho,
enflora o ipê, desnudo, desfolhado;

 

às vezes nos parece até bisonho
florir, enquanto tudo amortalhado
assiste o deslumbrante e raro fado:
seu viço passageiro, mas risonho;

 

efêmeras, etéreas, delicadas,
dançando pelos ares, quais falenas,
as flores, às centenas, vão ao chão;

 

encantadoras, ímpares floradas,
que passam, feito as brisas, sempre amenas,
como se fossem sonhos, ilusão.

 

Edir Pina de Barros

 

 

 

 

Academia Brasileira de Sonetistas ABRASSO
Enviado por Academia Brasileira de Sonetistas ABRASSO em 24/10/2024
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