ROSA 477 TRÁGICA COMPETIÇÃO

Na vida humana, um teatro ardente,

Onde o ego impera, o ser se esfacela,

Cada um escondendo a dor latente,

Denegrindo, a imagem alheia, a tela.

Um jogo cruel, onde a dor é presente,

A alma se desfaz, como cera na vela,

Vende-se por glória, numa dança indiferente,

E o amor se esvai, enquanto a ira se cela.

É lei do instinto, o ser a devorar,

Com olhos de lobo, almejando o poder,

Num ciclo sem fim, só resta se entregar.

Mas em meio ao cinismo, há algo a florescer:

Um anseio profundo, em meio ao pesar,

Que mesmo na tragédia, o ser pode querer.