ROSA 473

Em festim de riso, a mesa farta,

Os filhos, em brio, brindam a alegria,

Mas na sombra da labuta, a arte

Do emburrado se esconde em agonia.

Nem a Deus, que a vida lhes ofertou,

Um gesto de graça se ouve em prece;

A gratidão se esvai, dilui, e a dor

Aos pais, em silêncio, a mágoa tece.

Eis que os risos são ecos, mera cena,

Do banquete, a ilusão que tudo acalma;

Nas horas de luta, a frieza é plena,

E o amigo destruidor, a quem se exalta.

Assim, num mundo de sorrisos vãos,

A gratidão se esconde em corações.