Cartas antigas
Quando estiver de todo puro e limpo,
E crer que sou de teu amor mais digno,
Serei então o mais fiel amigo,
Mas nesse dia volto, enfim, te alinho.
Se tudo já for tarde, e tu me vais,
Revoga o gesto, o que te dei, mantém;
Pois tudo aquilo que de ti contém
Não se desfez em sombras ou sinais.
Dá-me tua frieza, se quiseres,
Mostra o desprezo, toda a tua mágoa,
Mas não destruas o que em mim perdura.
Teu riso, sempre em mim, jamais se apaga,
Pois guardo nele a luz que não esmorece,
E a mais ninguém no mundo tu delegas.