Cartas antigas

Quando estiver de todo puro e limpo,

E crer que sou de teu amor mais digno,

Serei então o mais fiel amigo,

Mas nesse dia volto, enfim, te alinho.

Se tudo já for tarde, e tu me vais,

Revoga o gesto, o que te dei, mantém;

Pois tudo aquilo que de ti contém

Não se desfez em sombras ou sinais.

Dá-me tua frieza, se quiseres,

Mostra o desprezo, toda a tua mágoa,

Mas não destruas o que em mim perdura.

Teu riso, sempre em mim, jamais se apaga,

Pois guardo nele a luz que não esmorece,

E a mais ninguém no mundo tu delegas.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 20/10/2024
Código do texto: T8178106
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