Lupa
Olho pro passado; não voltam esses dias…
Tudo que me aperta vivi como detalhes,
Se antes era um vinco, hoje vejo como um vale,
Se antes um dístico, hoje um livro de poesias!
Ah, era muito melhor os tempos de antanho!
Eu era amado, noto agora que revejo:
A Madrugada não tinha me dado o beijo
Amargo e frio… um sabor etéreo de estanho!
Também fui capaz de amar, assim eu suponho,
Percebo hoje que amei de todo o coração;
Mas trago agora só saudade na garupa…
Era tudo tão belo que parece sonho…
Será que, como ébrio, o que vejo é ilusão?
A saudade é uma terrível lente de lupa!
“Pois tudo aumenta, quando visto através da saudade!” — Guilherme de Almeida (III, A Dança das Horas)