Celebração de Dúvidas
Mais um soneto do meu livro Dê-lírios Derradeiros pra vocês
Ao celebrar fé, desmoirada do saber
Ignorância, um véu que cai na noite que ajuda
Corajosa, a mulher, o fruto foi morder
E na sabedoria encontrou menos a cura
A serpente do certo, se fez de prazer
No jardim do bem maior, a carne mais pura
Movida por recompensas, pecado ao ser
Tão comovida por mesquinhez, aradura
Na tundra gélida onde só verdade mora
Lá certezas congelam, boreal aurora
Lá, o tropicalismo em dúvidas aquece
E nesse balanço, a vida muito bem dança
Entre o saber e o não ser quem és, rutilância
Das incertezas que apenas Eva tivesse