Delírio

Assombram os fantasmas à memória

Entorpecido ao leito, alucinado,

N'ardente corpo, fria alma, só morte

Se espalha ao ser tremente e abandonado.

A solitude d'um pobre n'aurora,

Beija-me a face, orvalho e fascinado,

Avultar d’anjo imagem -fulgente hora,

Dociliza-me ao toque, alucinado.

Frágil meu sonho num pequeno espaço,

Quando abraça-me os anjos o cansaço,

Doença que não sara com que passo.

Alucinado, nem vivo nem morto,

Ilusão tudo mais, d'um vivo-morto,

Nesta maldita febre que não passa.

Reeditado