SONETO PESSOA(L)
Enquanto chamais Deus p'las boas graças
Eu chamo-me a mim e, só, me valho
Que nada cai, senão do meu trabalho
E ninguém mais me livra das carraças
Enquanto erguem ao alto mãos palhaças
Eu baixo a cabeça p'lo orvalho
Desconto mais um dia, mais grisalho
E a obra não é choro nas vidraças
Este sal é o suor ante a estrutura
Erigida de um nada e já segura
Qual escada que aponta rumo ao céu
Já me vejo, em cima, nesta altura
A olhar, fixamente, a sepultura...
Eu quis, sonhei, sou a obra que nasceu!
26-09-2024