ROSA 444

No frio abrigo onde o amor se esvai,

Os olhos que outrora ardentes brilhavam,

Agora, como sombras, sem um ai,

Convenientes laços que se entravam.

O tempo, cruel, apagou a chama,

As rimas da paixão se tornaram lamento,

E a vida, em rotina, é apenas trama,

Um teatro triste, sem encantamento.

Os gestos, sem fervor, são mera dança,

O toque, um protocolo a se cumprir,

E o riso, eco vazio de esperança.

Mas, na penumbra, um desejo a surgir:

A busca do calor que ainda avança,

Porém, na conveniência, se faz o porvir.