MISÂNDRICA

MISÂNDRICA

Odeia homens aquela que amara um.

Pois, houvera d’este único tal desgosto,

Que desde então do amor se quis o oposto:

Faz do odiarem a amar lugar-comum…

Não considera haver ninguém; nenhum,

Que veja algo sincero em seu rosto:

Qualquer desavisado bem disposto

Há-de ao fim chorar sobre o desjejum!

Joga com suas mentes jogos sujos

Até fazer sangrar os ditos-cujos...

Até garrarem ódio ao próprio amor.

Odeia em seus amantes a si mesma.

Pois, um rastro de visco tal-qual lesma

Faz lembrar ao deixar senão horror.

Brasília - 04 09 2024