UMA LONGA ESPERA

Bate as horas meu antigo carrilhão;

perfumada, espero; logo baterá à porta.

Acendo outro cigarro, o fumo me conforta...

Conto os minutos de cada solidão.

Sufoca-me a espera. Soa blem-blão, blem-blão!

E ele não vem! Será o frio que corta?

Blem-blão! Olho da janela a rua morta.

Que tortura! Que suplício! Quanta aflição!

Já me ecoam na cabeça as badaladas

e ele não chegou ainda; acho que mentiu!

Meia-noite. Há passos de alguém por perto...

Iludi-me. São as avezinhas molhadas

debatendo-se nos beirais, mortas de frio.

Bebo tudo. Abro a porta , caio no deserto.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 13/01/2008
Reeditado em 14/01/2008
Código do texto: T815639