UMA LONGA ESPERA
Bate as horas meu antigo carrilhão;
perfumada, espero; logo baterá à porta.
Acendo outro cigarro, o fumo me conforta...
Conto os minutos de cada solidão.
Sufoca-me a espera. Soa blem-blão, blem-blão!
E ele não vem! Será o frio que corta?
Blem-blão! Olho da janela a rua morta.
Que tortura! Que suplício! Quanta aflição!
Já me ecoam na cabeça as badaladas
e ele não chegou ainda; acho que mentiu!
Meia-noite. Há passos de alguém por perto...
Iludi-me. São as avezinhas molhadas
debatendo-se nos beirais, mortas de frio.
Bebo tudo. Abro a porta , caio no deserto.