Os dias meus
Da janela papai me vigiava
sempre que eu saia pra escola
menino inocente, nem dava bola,
mas, papai, o olho não me tirava.
Com o conga no pé pedras eu chutava
lá no canto um velho pedia esmola
eu botava meu lanche em sua sacola
e na escola a fome nem apertava.
E assim a caridade eu fazia,
com o tempo, em mim, virou mania
e um dia, nem lembro aonde pude ler:
"Quem dá aos pobres empresta a Deus".
E não posso reclamar dos dias meus
que Deus nunca deixou de abastecer.
Josérobertopalácio