JARDIM DE DEUS ROSAS 412 A 421

ROSA 412

No templo da fé, há sombras e luz,

Receber o fraco é ato divino,

Um crê na abundância, outro ao que é jus,

Legumes são paz, no seu caminho.

Não julgue o forte, que ao fraco é irmão,

Pois Deus acolhe a todos em amor,

Cada um é servo, fiel à sua mão,

E firme se ergue sob o seu fervor.

Os dias se contam em nuances diversas,

Mas o coração, em sua certeza,

Faz da alma um altar, onde a paz dispersa.

Viver ou morrer, é a mesma beleza,

Pois a vida é dom, e a morte, certeza,

E em cada ato, a fé é nossa versa.

ROSA 513

No tempo em que a infância é doce encanto,

As vozes do saber em eco se vão,

Profecias e línguas, um leve pranto,

Mas o amor é eterno, é a nossa canção.

Quando o homem despido do véu se vê,

Reflete em si mesmo a verdade oculta,

Do saber fragmentado, o que se crê,

Se anula, ao chegar a luz que resulta.

Fé e esperança, pilares da vida,

Na balança da alma, amor se exalta,

É a chama que arde, a luz dividida.

Por isso, ao final da jornada, não falha,

O amor, maior que tudo, nos embala,

E na plenitude, a vida é vivida.

ROSA 414

Ainda que as línguas eu pudesse cantar,

Dos homens e anjos, em sonoridade,

Se o amor não habitar, nada a encantar,

Sou como metal que ecoa, em vaidade.

Profecia em dom, mistérios a decifrar,

Se a fé levanta montes ao céu,

Sem amor, sou nada, um vazio a vagar,

Sem essência, sem vida, como um breu.

Distribuindo bens, o corpo em oferenda,

Se o amor não for guia, nada se vale,

É a luz que ilumina, a vida em contenda.

O amor é benigno, a verdade que cale,

Sofre e crê, espera, em dor se defenda,

É a força divina que nunca se vale.

ROSA 415

Quem deu crédito à voz que ecoa,

No sussurro do braço do Senhor?

Como renovo em terra que não voa,

Surge sem beleza, sem esplendor.

Na dor, um homem, o mais rejeitado,

Aflito e experimentado em pesar,

Desprezado, em sombras, o coração calado,

Escondido o rosto, sem um olhar.

Tomou sobre si nossas enfermidades,

Carregou a carga de nossas dores,

E em meio ao desprezo, suas verdades.

Fomos cegos, julgando em nossos rumores,

O oprimido, em sua humildade,

É a luz que brilha entre os maiores.

ROSA 416

Em labuta sutil, a língua ardente,

Pequeno membro, vasto em seu poder,

Comanda mundos, traz o bem e o mal presente,

Incendeia a razão, faz ruir o saber.

Um bosque imenso, num só instante,

A chama voraz do verbo a crescer;

Contamina o ser, dança inconstante,

Fulgor do inferno, que se deixa ver.

Se não domada, a ira se propaga,

A mente cativa, o coração em chamas,

O eco do amor transforma-se em tristeza.

Contudo, em seu cerne, há luz que embriaga,

E com graça, nas rimas e nas tramas,

Suscita o sublime em prosa e beleza.

ROSA 417

Na justiça de Deus, a fé se revela,

De fé em fé, o justo, a luz a guiar,

Mas do céu a ira, como uma aquarela,

Manifesta-se em sombras a pesar.

Impiedade e injustiça, um triste quadro,

A verdade detida, em vaidade,

Os homens esquecem, em seu ego sagrado,

A essência divina, a pura realidade.

Invisíveis seus atos, ao mundo se mostram,

Poder eterno, em criações se edifica,

Mas, mesmo conhecendo, em vão se desgostam.

Negando a glória, em discursos se explicam,

Corações insensatos, na névoa, se arrastam,

E a luz que poderia, em trevas, se liquidifica.

ROSA 418

Não se maravilhe com o novo ser,

Que exige a alma um renascer profundo;

O vento livre, em seu errar, a mover,

Mistério eterno, em seu ciclo fecundo.

Escuta a brisa, porém não a define,

Vem de lugares que não se pode ver,

Assim, o Espírito em sua sinfonia,

Transforma a vida, faz o ser renascer.

Nicodemos, sábio, em dúvida a vagar,

Indaga-se sobre o que não se entende,

O mestre em Israel, a perplexidade a pesar.

Mas a verdade, em silêncio, se expande,

Desperta a essência, o amor a pulsar,

E revela ao homem o Espírito que transcende.

ROSA 419

Caim, em ira, a sombra a lhe cercar,

A oferta rejeitada, o coração em brasa,

O semblante, desfeito, a angustiar,

Em dilema profundo, a luta é pesada.

O Senhor, sereno, a razão a trazer,

Indaga ao homem, por que a fúria em seu olhar?

Se o bem for seu alvo, há como vencer,

Mas o pecado, astuto, está a espreitar.

É a batalha eterna de escolha e domínio,

Entre luz e trevas, a vida a pulsar,

A consciência clama por nobre destino.

Caim, escuta! A voz do mal em seu lar,

Dominado pelas sombras, abraça o divino,

E transforma a ira em trevas a reinar.

ROSA 420

Das obras da carne, um triste retrato,

Imoralidade e rixas a reinar,

Libertinagem, feitiços, um fato,

No coração humano a se instalar.

Invejas e iras, divisões ferinas,

Um eco de sombras, de dor e desdém,

Mas o fruto do Espírito, luz que ilumina,

Oferece amor, paz, como um bem.

Longanimidade, benignidade,

Bondade e mansidão, a essência do ser,

Na luta interna, a verdadeira verdade.

Pois contra tais frutos não há o que temer,

A vida que brilha em serenidade,

É herança divina, um eterno renascer.

ROSA 421

Bem-aventurado aquele que resiste,

Na luta interna, firme, com fervor,

Pois o sofrimento, em dor que persiste,

Revela a coroa, o eterno amor.

Não culpes o Criador por tentação,

Que o mal não é seu, mas do ser humano;

A concupiscência, ardente paixão,

Gera o pecado, seu ciclo insano.

A luz divina, dádiva sem par,

Desce do alto, do Pai, em sabedoria,

E em cada ser revela seu brilhar.

Assim, irmãos, na fé e na harmonia,

Abracemos a vida, o seu altar,

Buscando a verdade em plena sintonia.