ROSA 408 REPARO

Gosto de achar as coisas despedaçadas,

E nelas ver a luz que ainda brilha,

Os frascos vazios de vidas cansadas,

Renascem em mãos que a dor não anilha.

Mas nós, os curadores da dor crua,

Trabalhamos em sombras, em lamentos,

Com restos de sonhos que o tempo atua,

E em cada conserto, mil sentimentos.

Há beleza em cada falha exposta,

Na arte de unir o que foi quebrado,

E mesmo em ruínas, a alma não é tosta.

Pois em cada peça, um amor guardado,

Nos laços rompidos, a vida se aposta,

E o velho se faz novo, renovado.