Ofélia

(À Sra. Stephanie Armelin)

Doente, a olhos vistos ela emurchecia.

O rosto pálido, o corpo emaciado

Pouco tinham dos encantos do passado;

Por um fio, a sanidade lhe pendia.

Às vezes, num fiapo de voz, repetia

Lembrança dum longínquo dia dourado –

Versos com os quais lhe havia conquistado

E todas as promessas que neles fazia.

Eu, tal qual ela (quiçá ainda mais) doente,

A delirar na morte-em-vida mais a amava,

Da boca sorvendo-lhe o bafo pungente –

E a cada profano beijo que lhe roubava

Ébrio, voluptuoso, cruelmente

O coração em gozos se incendiava…

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 13/09/2024
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