SONETO III
De ti não tenho medo, tenho sede.
Se os olhos já não veem, como outrora,
as duas feições do tempo: antes e agora;
que a sombra do depois nos seja leve.
Das rosas que o destino te oferece,
o espinho é sofrimento - nunca cólera.
Te peço, ante a ferrugem da memória:
de mim não tenhas raiva antes das sete.
Onde estarão meus sonhos-vilarejo?
No fim de mais um agosto a resposta
servida com café e um bocejo.
O cheiro, a alquimia e a mesa posta
revelam tudo aquilo que não vejo…
E acordo quando o tempo bate à porta.