SONETO III

De ti não tenho medo, tenho sede.

Se os olhos já não veem, como outrora,

as duas feições do tempo: antes e agora;

que a sombra do depois nos seja leve.

Das rosas que o destino te oferece,

o espinho é sofrimento - nunca cólera.

Te peço, ante a ferrugem da memória:

de mim não tenhas raiva antes das sete.

Onde estarão meus sonhos-vilarejo?

No fim de mais um agosto a resposta

servida com café e um bocejo.

O cheiro, a alquimia e a mesa posta

revelam tudo aquilo que não vejo…

E acordo quando o tempo bate à porta.

MARCELO VALOIS
Enviado por MARCELO VALOIS em 09/09/2024
Reeditado em 26/09/2024
Código do texto: T8147750
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