SONETO II
perguntam-me o porquê de eu ser tão rude
respondo com os meus versos mais vulgares
não tenho mais joelhos, nem altares
com versos venço a minha finitude
eu já sou outro e ainda quer que eu mude?
cheguei a imaginar outros lugares
pra lá de Aldebaran, ao sul de Antares
perdoo se já não sou, fiz o que pude
doei o que restou da minha herança
a um cego. E ele me disse: Deus lhe pague!
e viu, em quem não vê, falsa esperança
e antes que disseste à luz: Se apague!
bebi um trago, entrei na contradança
e segui reto, sempre em ziguezague