SONETO II

perguntam-me o porquê de eu ser tão rude

respondo com os meus versos mais vulgares

não tenho mais joelhos, nem altares

com versos venço a minha finitude

eu já sou outro e ainda quer que eu mude?

cheguei a imaginar outros lugares

pra lá de Aldebaran, ao sul de Antares

perdoo se já não sou, fiz o que pude

doei o que restou da minha herança

a um cego. E ele me disse: Deus lhe pague!

e viu, em quem não vê, falsa esperança

e antes que disseste à luz: Se apague!

bebi um trago, entrei na contradança

e segui reto, sempre em ziguezague

MARCELO VALOIS
Enviado por MARCELO VALOIS em 09/09/2024
Reeditado em 26/09/2024
Código do texto: T8147748
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