Trasladação

Traslada-me ao lugar em que a paisagem

seja, dos sonhos, réplica perfeita,

onde, nos campos, faça-se a colheita

dos dias que, silentes, interagem

com o âmago de mim, e desta feita,

dá-me a saber se o gáudio da viagem

amansa o meu poema mais selvagem

e a minha rima sempre contrafeita.

Leva-me, amor, sem vícios e de tudo

liberta e despojada, tendo apenas,

na boca, o doce gosto da saudade...

E quando o verso meu tornar-se mudo

e as horas forem frágeis açucenas,

que a voz do meu silêncio, enfim, me agrade!

Geisa Alves
Enviado por Geisa Alves em 09/09/2024
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