Trasladação
Traslada-me ao lugar em que a paisagem
seja, dos sonhos, réplica perfeita,
onde, nos campos, faça-se a colheita
dos dias que, silentes, interagem
com o âmago de mim, e desta feita,
dá-me a saber se o gáudio da viagem
amansa o meu poema mais selvagem
e a minha rima sempre contrafeita.
Leva-me, amor, sem vícios e de tudo
liberta e despojada, tendo apenas,
na boca, o doce gosto da saudade...
E quando o verso meu tornar-se mudo
e as horas forem frágeis açucenas,
que a voz do meu silêncio, enfim, me agrade!